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Sentimento de Desconexão e Rejeição

Minha mensagem sobre vida autêntica, me leva a interagir com pessoas que estão nesta busca por mais qualidade de vida, por uma vida significativa e gratificante. Porém, neste percurso, de forma recorrente, identifico em meus clientes uma dificuldade dolorosa de lidar consigo mesmo, de gostar de quem são, de como são. Como consequência, vem a dificuldade de confiar no outro ou acreditar e ser capaz de construir relacionamentos saudáveis, afinal, como lidar com o outro ou me doar ao outro diante da dificuldade latente de lidar comigo mesmo?

Vejo diariamente diante de mim, pessoas incríveis e cheias de potencial, vivendo a margem de tudo que poderiam ser, simplesmente por não conseguirem se ver desta forma positiva.

O lugar desta visão positiva sobre si mesmo, foi tomado por um sentimento de escassez, de insuficiência, de não pertencimento e abandono.

Curiosamente, estudando sobre este assunto, tomei conhecimento de que esta incapacidade de dar a si mesmo afeto e portanto de receber afeto do outro, esta no topo das dores emocionais da população mundial. Em outras palavras, é bastante provável que em menor ou maior grau, todos nós sejamos em algum momento visitados por este sentimento de desconexão e rejeição, por este sentimento de que nos falta afeto.

A Origem da Escassez de Afeto

O psicologo Jeffrey E. Young, em sua obra A Terapia dos Esquemas, apresenta um estudo que revela que quando a necessidade de estabelecer vínculos seguros com outros indivíduos não é suprida na infância/adolescência, tendemos a não desenvolver sentimentos de segurança, estabilidade, cuidado e aceitação.

Logo, se você se sentiu descrito nos parágrafos anteriores, é bastante possível, que na infância/adolescência, você tenha tido uma estrutura familiar traumática, com instabilidade, abuso, frieza, rejeição ou mesmo isolamento do mundo exterior.

Isto porque, é em nossas relações familiares, em especial com pai e mãe, que nossas necessidades emocionais são supridas ou não e a partir disto construímos nossas crenças que podem ser construtivas ou limitantes.

Quando não vivenciamos vínculos positivos no ambiente familiar, experimentamos faltas, que geram lacunas dentro de nós e  afetam a nossa forma de ver a nós mesmos e aos outros. O que resulta em pensamentos, sentimentos e comportamentos improdutivos, que de forma inconsciente nos conduzem a repetir as histórias vividas em nosso contexto familiar dos primeiros anos de vida.

Estes sentimentos geram a expectativa de que as necessidades de proteção, estabilidade, cuidado e empatia não serão satisfeitos de forma positiva.

A boa notícia, é que a medida em que você se torna consciente de sua história de vida e das distorções que ela imprimiu em sua visão, você amplia a sua capacidade de interferir em sua própria história rompendo este ciclo que perpetua a experiência do passado.

Vilões da Mente

Young aponta cinco vilões da mente que podem ser ativados por esta necessidade de vínculo afetivo não suprida na infância/adolescência e/ou por experiências traumáticas vivenciadas nesta área. São eles:

Abandono/Instabilidade: Sensação de que as pessoas queridas que participam de sua vida não ficarão presentes por serem emocionalmente imprevisíveis, por um risco eminente de morte ou simplesmente por preferirem alguém melhor do que você. Resultando em dificuldade de estabelecer vínculos estáveis com pessoas importantes em sua vida;

  • Desconfiança/Abuso: Convicção de que, tendo oportunidade, outras pessoas irão usá-lo para fins egoístas e portanto irão magoar, abusar, humilhar, mentir, enganar ou manipular você. Resultando em dificuldade de confiar nas pessoas;
  • Privação Emocional: Expectativa de que o desejo de conexão emocional não será satisfeito adequadamente e portanto haverá ausência de cuidados e carinho, não haverá empatia, escuta e compreensão, nem proteção ou orientação por parte de outras pessoas. Resultando em um sentimento de solidão e vulnerabilidade;
  • Defectividade/Vergonha: Sentimento de que é falho, ruim, inferior ou imprestável e de que não é digno de receber amor dos outros. Resultando em baixa autoestima, vergonha e dificuldade de receber amor;
  • Isolamento Social/Alienação: Sentimento de ser diferente ou de não se adequar ao mundo social mais amplo, fora da família. Tendência a não se sentir pertencente a um grupo ou a uma comunidade. Resultando em isolamento social e solidão.

A leitura que fizemos de nossas experiências de vida em relação a vínculos afetivos podem ativar um ou mais destes vilões da mente, nos conduzindo a esta visão distorcida e negativa de nós mesmos e a consequente construção de relacionamentos destrutivos ou o oposto, uma fuga permanente de relacionamentos íntimos como uma forma de proteção para evitar a repetição de experiências traumáticas.

Um Olhar Sobre Si Mesmo

E quanto a você?
Já se sentiu inadequado ou diferente dos demais?
Já teve a sensação de que as pessoas sempre vão embora e medo de perdê-las?
Já se sentiu prejudicado por outras pessoas de forma recorrente?
Já teve a sensação de desconexão com o mundo e com todos?

Se a resposta foi sim para uma destas perguntas, é importante que você saiba que não há nada de errado com você, na verdade, é bastante provável que você esteja apenas experimentando uma inabilidade de se relacionar consigo e com os outros, por não ter construído isto de forma adequada na infância/adolescência ou por ter experimentado alguma situação traumática que te estimulou a criar defesas equivocadas para evitar novas feridas causadas por relacionamentos.

Seja qual for o caso, o convite é para que você visite a sua história e enxergue as faltas e traumas que experimentou e que afetam os seus pensamentos, sentimentos e comportamentos. Deste modo, traga para dentro de si, a compreensão, de que não foi sua culpa, de que não há nada de errado com você.

Internalize a compreensão de que seus pais deram o melhor que puderam, o melhor que sabiam dentro do que eles eram. Talvez, não tenha sido suficiente, talvez não tenha sido adequado.

O importante, é compreender que os vínculos positivos que não foram criados, ou as experiências negativas que foram vividas não aconteceram por nada relacionado a você, mas pelas limitações dos seus familiares... você precisa perdoá-los, aceitando que cada um dá o que tem e você também precisa acreditar, que você é exatamente como deveria ser, um ser de luz, cheio de beleza e potencial e que portanto, merece viver uma vida plena e cheia de amor e relacionamentos saudáveis sejam de amizade, profissionais, familiares ou românticos.

Esta jornada de olhar sobre si mesmo e de reconstrução dos significados das coisas que ocorreram na infância/adolescência ou mesmo em sua vida adulta, pode sim ser algo desafiador. Neste caso, tendo consciência desta sua necessidade de preencher estas lacunas de afeto, produzindo e oferecendo a si mesmo o amor que faltou, busque ajuda de um profissional de desenvolvimento humano que possa te conduzir neste processo e te oferecer o suporte necessário.

Em amor,

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