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Há de se desenvolver uma concepção sobre o trabalho que vá além da mera recompensa financeira gerada por ele. O trabalho pode ser interpretado por meio de diversas necessidades psicológicas.

 A psicologia positiva, revolucionou os estudo sobre o funcionamento humano, ao mapear o que traz bem-estar e realização ao individuo. Ao se estender para ambiente profissional, trouxe um olhar sobre produtividade, engajamento, motivação e felicidade.

O que é engajamento?

ENGAJAMENTO é um novo termo, que tem nomeado as relações de trabalho que são favoráveis a saúde física, psicológica e emocional do colaborador, ao mesmo tempo em que ampliam a sua criatividade, produtividade e promovem resultados positivos.

Os estudos sobre engajamento no trabalho, apontam três características principais comuns a colaboradores engajados, são elas:

  • Vigor: consiste em vontade, entusiasmo e esforço;
  • Dedicação: forte envolvimento no trabalho, por meio da identificação e de uma rede de compartilhamento de significado e sentido;
  • Absorção: envolvimento semelhante ao estado de flow, quando a noção de tempo é perdida e o individuo está totalmente absorvido pela tarefa realizada.
Colaboradores engajados, desfrutam de motivação intrínseca, uma vez que eles se identificam com o ambiente e com a função exercida. Este comportamento, tende a influenciar positivamente o grupo, que tende a adotar a mesma postura. 

No entanto, diferente do workaholic - que representa 16% da população mundial, é considerado um trabalho compulsivo ou um compulsivo por dinheiro e portanto, um individuo que exerce uma relação disfuncional com o seu trabalho -, o colaborador engajado, não é caracterizado por uma compulsão pelo trabalho ou dinheiro, ao contrário, ele trabalha de forma equilibrada e, apesar de sua entrega efetiva e alta produtividade, ele valoriza e respeita as demais áreas de sua vida.

Algo interessante, que não se aplica às pessoas que são engajadas, é que elas não são obcecadas pelo trabalho. Não trabalham compulsivamente. A proatividade é um aspecto do engajamento provavelmente é um tipo de estado mental das pessoas. _ Wilmar Schaufeli

As relações de trabalho devem considerar a temporalidade, portanto, o modelo de gestão que funcionou no século passado, ou talvez até mesmo, no ano passado, pode estar defasado para uma nova geração que vive contextos sociais diferentes e novas crenças em relação a vida.

A nova geração valoriza relações de trabalho com hierarquia horizontalizada, trabalho em equipe e respeito a diversidade. Também é uma geração mais aberta a mudanças e melhorias continuas que são comuns a ambientes, onde se estimula a criatividade e a autonomia do colaborador.

O vídeo do comissário de bordo David Holmes da SouthWest Airlines, empresa que atua em um modelo de gestão que estimula o engajamento e portanto, a criatividade e autonomia dos colaboradores, ilustra de forma bastante clara o perfil de um colaborador engajado. Ele tende a fazer mais do que foi solicitado e agir de forma inovadora, surpreendendo e produzindo resultados positivos para a empresa.

Neste vídeo, David usa a sua habilidade singular como rapper, para entreter os passageiros e tornar uma mensagem rotineira, chata, que não prende a atenção, em algo divertido e diferenciado, provendo uma imagem positiva da empresa, e gerando satisfação em seus clientes. Logo, não é sobre exercer um trabalho exaustivo, mas, sobre escolhas criativas e eficazes.

O engajamento está negativamente relacionado com a corrupção. Ou seja, em países não tão corruptos, existe um nível mais elevado de engajamento. Em países com maior nível de integridade, há mais engajamento. Em países com mais democracia, há mais engajamento.  _ Wilmar Schaufeli

Quais as características inatas dos colaboradores engajados?

As pesquisas sobre engajamento, apontaram que existem alguns comportamentos inatos a indivíduos engajados, que recursos pessoais positivos que tenderão a potencializar a capacidade de engajamento destes colaboradores em qualquer organização que eles estejam. São eles:
  • Otimismo;
  • Autoeficácia;
  • Resistência ao estresse;
  • Proatividade;
  • Inteligência emocional;
  • Estabilidade;
  • Atitudes de abertura.
Portanto, existe uma relação de complementaridade, entre recursos laborais (promovidos pela empresa) e recursos pessoais (inatos ao individuo). Tornando fácil a compreensão, de que uma empresa que deseja ter colaboradores engajados, deve de antemão, estruturar o seu processo seletivo para identificar este perfil de colaboradores.

Como promover o engajamento?

Posto que o trabalho demanda energia, ele também deve gerar energia ao trabalhador, afim de que não se torne insalubre, conduzindo ao esgotamento e comprometendo a saúde. Portanto, é necessário que haja um equilíbrio entre as demandas geradas e os recursos fornecidos para uma relação de trabalho saudável, que está diretamente relacionado ao engajamento dos colaboradores.

Em cada trabalho, existem demandas e recursos laborais. Eles podem diferir entre trabalhos, mas essencialmente cada trabalho demanda, mas também fornece energia.  _ Wilmar Schaufeli

O engajamento dos colaboradores resulta de uma estrutura organizacional que fornece recursos ou suporte social, físico, psicológico e emocional dos colaboradores. 

Segundo a teoria da autodeterminação, que defende que existem três necessidades psicológicas fundamentais e inatas ao seres humanos, sendo elas necessidade de autonomia, pertencimento e relacionamento com os outros, entendesse que os recursos produzidos pela empresa devem atender a estas necessidades básicas.

Empresas com colaboradores engajados, tem alguns atributos comuns, tais como:

  • Reconhecimento ao colaborador;
  • Tratamento gentil entre os membros da equipe;
  • Atribuição de papeis claros;
  • Participação dos colaboradores nas decisões da empresa;
  • Boa comunicação entre membros da equipe, chefes e funcionários;
  • Confiança compartilhada na administração da empresa;
  • Existência de feedback e transparência em relação ao plano de crescimento.
Surpreendentemente, os estudos apontam, que o trabalho presencial favorece o engajamento, uma vez que colaboradores que atuam em home office, não desfrutam do limite cotidiano promovido pela rotina com local e horário de trabalho definido. Portanto, é mais estressante trabalhar em home office, do que trabalhar em casa.
Em pesquisa realizada por estudiosos do assunto, identificou-se que colaboradores que trabalhavam em casa no período de COVID, se sentiam sobrecarregados, entediados e vivenciavam conflitos domésticos de forma mais recorrente, tendo como única vantagem, um maior controle da rotina de trabalho e oportunidade de aprendizado.

A organização, em parceria com seus gestores, devem promover ações que fomentem o engajamento dos colaboradores ao estimular um estilo de vida mais saudável, 

Como mensurar o engajamento?

Com objetivo de mensurar de forma quantitativa o engajamento dos colaboradores no ambiente de trabalho, pesquisadores e estudiosos do tema desenvolveram uma métrica que se baseia da autoavaliação dos colaboradores em relação as três dimensões do engajamento - vigor, dedicação e absorção.

Quais as vantagens do engajamento para a empresa?

Colaboradores engajados, promovem de forma positiva a empresa em que atuam, uma vez que tendem a falar da empresa de forma envolvente, além de empregarem esforços na entrega de um trabalho de qualidade, com objetivo de permanecerem na empresa.

Portanto, é saudável para a empresa que uma cultura de engajamento seja aplicada, sendo parte da sua responsabilidade, zelar pelo bem-estar físico, psicológico e emocional dos colaboradores.
Quanto mais motivação intrínseca, mais duro os funcionários trabalharão, e de maneira mais dedicada, , com um desempenho melhor. _ Wilmar Schaufeli

Workaholismo, Burnout e Engajamento

O conhecido burnout, é um estado mental oposto ao estado de engajamento. Nele temos indivíduos em um estado de exaustão profunda e persistente, que pode resultar em...

  • Cansaço;
  • Angústia;
  • Atitudes disfuncionais;
  • Esgotamento da motivação;
  • Cinismo;
  • Depressão, negatividade e falta de ânimo;
  • Falta de perspectiva de um futuro melhor;
  • Distanciamento mental;
  • Disfunção sentimental e cognitiva;
  • Instabilidade;
  • Sintomas físico corporais cardiovasculares;
  • Menor competência na execução de tarefas.

Enquanto colaboradores engajados tem muita energia e prazer no trabalho, pela ativação positiva; colaboradores com burnout, vivenciam uma relação de desprazer e desativação no trabalho, oscilando entre satisfação e insatisfação de forma recorrente.

Neste contexto, compreende-se que a promoção de colaboradores engajados, passa tanto pelo estimulo, como a prevenção de comportamentos e ambientes saudáveis e positivamente estimulantes.

Colaboradores workholics, tem uma grande propensão ao burnout em virtude da falta de equilíbrio em relação as demais áreas de sua vida, que tende a gerar sobrecarga e cansaço, conduzindo aos demais sintomas desta condição mental.

É bastante comum que workholics, tenham aprendido na relação com seus pais que seu valor está relacionado as atividades que desempenha e as entregas que faz. Logo, não se sentiram sempre amados, mas, entenderam que eram validados mediante a desempenhos e comportamentos que atendiam as expectativas de seus progenitores.

Quando um workholic está de férias, fora do horário de trabalho, ele não se sente bem, porque se sente culpado, inquieto. Existe muita tensão, angústia, então um workholic que não trabalha é como um viciado sem sua substância. _ Wilmar Schaufeli

O burnout, por sua vez, é uma síndrome que tem origem em uma sobrecarga de trabalho e alto nível de estresse projetada no colaborador. Neste caso, haverão casos recorrentes de problemas de saúde e afastamento do trabalho, gerando prejuízo a lucratividade da empresa.

Segundo o modelo JD-R - modelo de demandas-recursos do trabalho é um modelo de estresse ocupacional que sugere que a tensão é uma resposta ao desequilíbrio entre as demandas do indivíduo e os recursos que ele tem para lidar com essas demandas -, quanto menos recursos existirem a disposição do colaborador, maior será a tendência para que ele se esgote mais rápida e intensamente.

Portanto, é importante que haja um planejamento em relação a demandas e recursos de trabalho, uma vez que demandas estão relacionadas a burnout e recursos a engajamento. Ao fornecer os recursos sociais, físicos e emocionais necessários para o desempenho da função, as empresas tendem a reduzir o risco de burnout e potencializar a chance de engajamento.

Neste contexto, lideres preparados para promover um ambiente que supra as necessidades psicológicas dos colaboradores e realizar as intervenções necessárias, é essencial para que se alcance engajamento.

Qual o papel da liderança no engajamento dos colaboradores?

Em toda ação de engajamento promovida pela empresa, a liderança sem dúvida, terá papel fundamental. A chamada Liderança Transformacional tem ganhado destaque nas discussões sobre o tema por ser caracterizada por:

  • Influência idealizadora;
  • Motivação inspiracional;
  • Estimulação intelectual;
  • Consideração individualizada.

No entanto, em virtude da ausência de estudos sólidos sobre a sua eficácia, estudiosos do tema engajamento e liderança, tem preferido a abordagem da liderança sob a ótica da teoria da autodeterminação que considera, como vimos anteriormente, as três necessidades básicas inatas aos seres humanos:

  • Autonomia: o líder deve agir de forma inspiradora, mobilizando a identidade dos funcionários de forma autônoma, livre e respeitosa. Dar voz a equipe e estimular o empoderamento dos membros da equipe;
  • Relacionamentos: o líder deve apoiar a afinidade entre a equipe, estimulando o apoio social, por meio da valorização individual. Estimular a cooperação e o espírito de equipe;
  • Competência: o líder deve apoiar o desenvolvimento do colaborador, propondo desafios estimulantes e fomentando o seu crescimento pessoal/profissional.

A liderança engajadora se preocupa em inspirar. A inspiração está relacionada com a satisfação da necessidade psicológica básica de significado. _ Wilmar Schaufeli

Portanto, os conceitos centrais da liderança engajadora são empoderamento, fortalecimento, conexão e inspiração segundo o especialista Wilmar Schaufeli. Quanto mais autonomia, comunicação e recursos existirem, mais bem-estar a equipe terá e portanto, maior será o engajamento.


Em amor,

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