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Eu costumava ter muitas certezas e convicções, mas, houve um tempo em minha vida, em que eu me senti completamente perdida e confusa... demorei para entender o que estava acontecendo dentro de mim, mas sabia que o equilíbrio da minha vida havia se abalado de uma forma que eu não sabia como concertar. 

Bem, todos nós vivemos os nossos processos de erros, acertos, aprendizados e foi em um destes processos que o Espírito Santo, me conduziu a uma releitura da famosa Parábola do Filho Pródigo.

Aprendi que era muito mais do que uma história sobre rebeldia e retorno, mas antes, uma história sobre cura interior, sobre dois personagens que fracassaram de diferentes formas ao se desconectarem do fluxo de amor.

Descobri, que todas as nossas questões emocionais, relacionais e espirituais estão relacionadas a estarmos ou não fluindo em amor. 

E isto me pareceu surpreendente, pois percebo que nós passamos toda uma vida, buscando encontrar respostas complexas que trarão solução para as grandes questões da humanidade, me parece que adquirimos este hábito de problematizar as coisas, como um rito típico da vida adulta, e assim, somos impelidos a acreditar que as teses mais complexas são de fato mais relevantes, no entanto, contrariando o senso comum, eu ousaria afirmar que a verdadeira sabedoria se manifesta em um contexto de simplicidade e, completaria esta afirmação, concluindo que as coisas simples de compreender, são as mais difíceis de praticar... talvez seja este o motivo de complicarmos tanto as respostas, talvez este seja o nosso jeito de forjar desculpas para não praticar aquilo que exige de nós, mais do que queremos acessar.

Este texto, se propõe a apresentar quatro chaves da saúde emocional, que talvez sejam bastante óbvias, posto que de algum modo, todas nós conhecemos estas chaves e a sua importância. No entanto, acessar estas chaves em nós e manifestá-las em nossa existência pode de fato ser algo que exija de nós viver uma transformação do nosso modelo mental e consequente comportamento.

A simplicidade habita em um lugar em nós, onde existe inocência, característica que abrigamos na infância, mas da qual nos distanciamos ao longo da vida adulta, em uma tentativa de autodefesa equivocada. Perceba que não existe nada mais ingênuo, porém poderoso e desafiador, do que amor, sendo assim, torna-se fácil entender que as 4 Chaves da Saúde Emocional, são inevitavelmente ferramentas que nos reconectam ao fluxo do amor.

Justamente, para acessar este lugar lúdico em nós, é que quero te convidar a “embarcar” comigo na releitura desta parábola, conhecer e aprender a aplicar as 4 chaves da Saúde Emocional, contidas nela.

A parábola do filho pródigo


Conta a parábola que um certo homem tinha dois filhos e 
o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.
E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.
E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.
E, tornando em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus empregados.
E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.
Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos.
Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.
E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças e, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
Mas ele se indignou, e não queria entrar. E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas; mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se. _ Lucas 15:11-32

Primeira Chave: Perdoe a si mesma!

Esta parábola nos apresenta um filho mais novo, que sai de casa como herdeiro de um homem prospero, cheio de autoconfiança, riquezas e determinação para desfrutar a vida a sua maneira. Mas, que ao longo da jornada, percebe que sabia menos do que julgava saber e que fez escolhas equivocadas, que o conduziu a uma situação de humilhação, onde não existe mais honra, riqueza ou autoconfiança.
Ele até então, acostumado a ter abundância, agora, sentia fome e desejava comer a comida dos porcos. Esta condição de miséria, mudou a imagem que aquele jovem tinha a seu próprio respeito, ele já não se via mais como o filho do prospero fazendeiro, ele agora era um homem fracassado que mendigava alimento.
Então, ele retorna para a casa do seu pai com esta nova autoimagem e pede para ser aceito como um empregado, esta era a sua nova condição segundo sua crença, pois já não identificava em si a identidade de filho e de herdeiro, agora ele era apenas um serviçal em busca de alimento para garantir a sua sobrevivência.

O que me chama atenção, na narrativa desta parábola, é o fato de que antes mesmo de falar com o seu pai, o jovem já havia planejado a sua sentença, ele decide que não seria mais filho, que seria um empregado na casa do seu pai, que ele não era mais digno, portanto, não poderia esperar nada além de emprego e alimento, a relação que aquele jovem estabelecia com o seu pai, era de causa e efeito, logo, tudo o que ele podia esperar era castigo e migalhas.

Se formos francas, perceberemos que todas nós em maior ou menor grau, temos um pouco do filho pródigo, em algum momento da nossa jornada também fizemos escolhas equivocadas que nos geraram dor ou nos roubaram a nossa honra, algumas de nós fizeram escolhas erradas em seus relacionamentos, outras em sua vida profissional, ou ainda em seu cuidado com a saúde ou mesmo em relação a prática da fé. O problema disto, não é apenas a condição de sofrimento que colhemos de nossas escolhas equivocadas, mas principalmente, como elas afetam a nossa autoimagem, a nossa crença de identidade e de merecimento, nos conduzindo a viver uma vida de limitações, conduzida por sentenças que nós mesmas nos demos quando passamos a nos ver pela lente do fracasso que experimentamos.
Quantas autopunições nos escravizam e nos prendem a uma vida limitada e muito aquém do que poderíamos viver, se julgássemos ser e merecer mais.
Retornar ao ponto de partida, exige sermos capazes de nos perdoarmos pelos nossos erros, para voltarmos a "casa do pai" sem preparar negociações de sentença ou punição e, nos concedermos o direito de recomeçar, com a firme convicção de que merecemos, porque "somos filhos", embora estejamos "empregados", portanto, nossa identidade não pode ser mudada e isso nos garante a possibilidade de aprendermos com os nossos erros para construir uma nova jornada de acertos e vitórias.

Perdoar a si mesma é o caminho para tornar-se capaz de receber perdão de outras pessoas e, a primeira chave para quebrar os grilhões que nos prendem a dor emocional da autopunição. Este caminho passa pelo amor próprio, que nos torna capaz de acessar o sentimento de autocompaixão, afim de nos tratarmos com misericórdia e bondade. Que tal fazer esta afirmação comigo?
Porque eu me amo, eu me perdoo pelos erros que cometi e me concedo o direito de recomeçar!

Segunda Chave: Perdoe ao outro! 

A parábola também nos apresenta um filho mais velho, este nunca tomou a herança, nunca saiu da fazenda e aparentemente não cometeu nenhuma tolice que desonrasse a família. Justamente por este seu bom comportamento, ele esperava que houvesse punição ao irmão mais novo por seu mal comportamento, pois este parecia ser o justo. No entanto, o pai escolhe perdoar.
O perdão do pai enche o coração do filho de revolta, ele então não quer participar da festa, ele cobra reconhecimento e se sente desfavorecido pelo acontecimento.
Enquanto acusava o seu irmão mais novo, o filho mais velho não percebia que agora, ele mesmo estava afundado em um caminho de equivoco, tomado por desejo de vingança, ciúmes, comparação e incapacidade de ter empatia pelo seu irmão que havia chegado a uma condição tão deplorável.
Tinha uma festa acontecendo, mas o filho mais velho estava de fora dela, tomado pela indignação de julgar-se o único merecedor de uma celebração.
O filho mais novo havia pedido a herança e saído pelo mundo, enquanto o filho mais velho ficou, mas em seu coração havia vaidade, ele se julgava superior e queria ser reconhecido.
Mas, o seu pai o explica algo que ele não estava conseguindo enxergar, não era sobre méritos, era sobre perdão, não era sobre punição ou justiça, era sobre celebrar o despertar de um filho que estava perdido e agora recebia uma nova chance de recomeçar.
O personagem do pai nesta parábola, nos ensina uma importante lição sobre como o amor deve agir diante do erro do outro, o amor deve enxergar no outro sua insanidade e colocar-se na postura de alguém que torce para que o outro desperte de sua insanidade e se isto acontecer, existirá um motivo de festa, por mais um ser humano que estava perdido, mas se arrependeu e recebeu a chance de recomeçar.
Perdão, é abrir mão do direito de vingança e deixar que o amor justifique o outro de suas culpas, é dar ao outro direito de recomeço, sem que seus erros o rotulem ou condicionem a uma situação permanente de fracasso. 
Portanto, um sinal de que estamos agindo em amor é quando somos capazes de trocar o desejo de vingança, pela compaixão, pela torcida para que o outro se recupere da sua maldade e se converta a novos comportamentos. Tornar-se capaz de perdoar ao outro é a segunda chave do processo de cura!
Quero te convidar a fazer um exercício, de fechar os olhos e visualizar todas as pessoas que já te feriram de alguma maneira. Imagine que elas estão em um lugar de luz, iluminadas, transformadas, conectadas ao amor. Acesse a compaixão que existe em você e envie amor para essas pessoas, imagine-se olhando nos olhos de cada uma delas e faça a seguinte afirmação:
Porque eu te amo, eu te perdoo pelos erros que cometeu e te concedo o direito de recomeçar!

Terceira Chave: Perdoe as circunstâncias!

É necessário nos perdoarmos, perdoarmos ao outro e também as circunstâncias. O filho mais jovem passou fome, desejou a comida dos porcos, esteve em uma terra onde existia fome e isso não poderia ser mudado, caberia a ele ressignificar esta história e transformá-la em aprendizado.
Muitos de nós experimentaram situações difíceis de miséria, abuso, violência, roubo e etc., situações que nos geram indignação e revolta, que não merecíamos ter vivido, mas, vivemos. Então, somos desafiados a colocar perdão sobre esta situação para não ficarmos amarrados a ela, mas, seguirmos em frente. Aceitar aquilo que não podemos mudar é lucidez, e portanto, a terceira chave do processo de cura! 
Que tal fazer esta afirmação comigo?            

Porque eu amo a vida, eu tenho serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as coisas que posso e sabedoria para discernir uma da outra.

Quarta Chave: Faça as pazes com Deus! 

Por fim, esta parábola nos revela o fato de que nenhum dos filhos conhecia de verdade o carácter do pai. 
O filho mais novo, estava certo de ter um pai vingativo que o condenaria a servidão e não o receberia mais como filho. Mas, a verdade sobre o pai é que ele era amoroso, gentil e esperava diariamente pelo filho, esperançoso de que ele voltasse para recomeçar a sua jornada.
Ao receber o filho mais novo, o pai trocou as roupas rasgadas de mendigo, por uma capa de honra, trocou a posição de servo em que o filho se encontrava, por um anel que conferia a ele pertencimento a família e portanto, restituição da sua condição de filho. Por fim, trocou a vergonha, tristeza e a escassez que o filho experimentava, por uma festa onde havia celebração, alegria e abundância.
Já o filho mais velho, julgava o pai como um homem egoísta que estabelecia relações de troca e tentou a todo custo ser o mais perfeito possível para merecer amor e honra de seu pai. O que ele não entendia, é que o pai o amava de maneira incondicional e tudo o que era do pai, já era dele, eles eram um.
O pai nesta parábola, representa a paternidade de Deus e o quanto por vezes o enxergamos de forma distorcida e equivocada, interpretando a sua existência a partir das nossas próprias limitações. Quando na verdade Deus é dotado de amor e sua expectativa não é de nos punir, mas de nos restituir honra, pertencimento, alegria e abundância.
Deus te perdoa, e os seus sofrimentos não alegram o coração de Deus, são apenas consequências das suas escolhas ou das escolhas de outras pessoas que afetaram você, em uma lei natural da vida humana.
Portanto, a terceira chave da cura, está em fazer as pazes com Deus, em percebê-lo como este pai amoroso, receber o seu amor e restituição! 
Que tal fazer esta afirmação comigo?
Porque Deus me ama, Ele me perdoa pelos erros que cometi e me concede o direito de recomeçar!

Em resumo, o processo de cura é na verdade, um processo de reconexão com o amor.
Todo processo terapêutico, de autoconhecimento ou de desenvolvimento humano, deve ser na verdade um processo que nos leve a manifestar estes quatro perdões.
Quando formos capazes de nos perdoar, de perdoar ao outro, de perdoar as circunstâncias e de receber o perdão de Deus, então, a nossa conexão com o amor estará reestabelecida e seremos curadas!
Toda fratura emocional que sofremos, é em resumo um momento de dor que nos desconectou do fluxo do amor, logo, a cura acontecerá quando o perdão for manifesto sobre esta fratura, reestabelecendo o fluxo do amor em nós.
Um conceito extremamente simples, porém, incrivelmente desafiador, que como afirmei no inicio desta reflexão, exige de nós acessarmos os sentimentos mais puros que nos habitam e que são permeados por uma certa inocência.

O mandamento que Jesus deixou e resume toda a lei de Deus, é também a chave mestra de uma vida saudável, pois ele  nos guia por um caminho de retorno a nossa origem divina e amorosa.

E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. _ Lucas 10:27

Deus é amor, logo, se estivermos conectados a ele como filhos, nós também desenvolveremos a sua natureza amorosa, então, seremos capazes de manifestar amor por nós, pelo outro e por tudo que nos cerca e isto nos conduzirá a um lugar de paz!

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. _ 1 Coríntios 13:13

Enquanto eu escrevia esta mensagem, me lembrei da canção Jardim da Inocência do Paulo Cesar Baruk. Vale ouvir! ;)


Em amor,

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